quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sintese do artigo: “Educação e sociedade da aprendizagem: um olhar sobre o potencial educativo da internet” de Clara Coutinho e Manuela Alves



No artigo “Educação e sociedade da aprendizagem: um olhar sobre o potencial educativo da internet”, Coutinho e Alves analisam as potencialidades da Web 2.0 e das suas ferramentas no contexto educativo.
            Na actual “sociedade de informação”, a internet e as suas ferramentas podem tornar-se aliados fundamentais para os educadores, uma vez que permitem ambientes de aprendizagem inovadores e desafiantes e fornecem várias possibilidades de trabalho colaborativo.
            Contudo, é necessário ter em atenção algumas das suas fragilidades, nomeadamente a elevada quantidade de informação disponível e a falta de viabilidade da mesma. Assim, torna-se fundamental que os alunos tenham uma iniciação à pesquisa de informação web, para que a recolha da mesma funcione como um construtor activo dos seus conhecimentos.
 Entre as principais vantagens da internet no processo ensino-aprendizagem sumarizadas pelas autoras, numa revisão da literatura, destacam-se: a flexibilidade de tempo da sua utilização, independência geográfica, baixos custos, acesso a fontes de informação variadas e constantemente actualizadas, desenvolvimento do espírito crítico através da necessidade de selecção de informação, partilha de saberes, possibilidade de visualizar o mundo através de uma realidade interdependente, intercultural, aumento de comunicação e incentivo à curiosidade, desencadeando naturalmente a aprendizagem.
 O artigo enumera, ainda, uma série de ferramentas da web 2.0 com grandes potencialidades de utilização no contexto educativo, indicando as principais vantagens da sua utilização no processo ensino-aprendizagem: blogs, wikis, podcast, Google calendar, Docs & Spreadsheets, De.lici.ous, Messenger, Skype e Google Talk.
  Finalmente, as autoras procuram responder, baseadas numa revisão da literatura, às seguinte questões: “Qual o potencial educativo da internet?” e “Como está a escola a adaptar-se aos novos cenários de educação e aprendizagem na web?” Relativamente à primeira questão, a resposta é, segundo, as autoras, “inequívoca” (Coutinho & Alves, 2010, p. 220). A internet pode, de facto, contribuir para a mudança que o processo ensino-aprendizagem necessita para se adaptar à “sociedade da informação”, do “conhecimento”, e proporciona novas formas e diversos contextos de aprendizagem.
Na nossa opinião, fazendo uma ponte para a realidade do ensino musical, estamos totalmente de acordo com as autoras nesta questão. Como pertencentes a uma geração que quase desde sempre vive rodeada de internet, consideramos que é muito difícil imaginarmo-nos sem ela em qualquer contexto, nomeadamente no contexto educativo. Apesar do ensino instrumental ainda estar muito preso aos meios tradicionais, aos poucos os professores vão percebendo o potencial da web 2.0 na partilha de recursos com os alunos, nomeadamente de partituras, de ficheiros áudio, vídeos, entre muitas outras potencialidades.
Relativamente à segunda questão, as autoras já não a consideram tão simples. Aqui, Coutinho e Alves fazem uma importante distinção entre o que são as intenções e propósitos do Governo e a realidade. Não poderíamos estar mais de acordo com a afirmação de que há excessiva preocupação com a aquisição de equipamentos em detrimento da sua utilização pedagógica nos diferentes níveis e modalidades de ensino e formação (Brito et al., 2004). No caso da música essa é, sem dúvida, uma problemática constante. De acordo com Cunha (2006), “Através de um inquérito realizado aos professores concluiu-se que quase metade dos inquiridos não utiliza as tecnologias nas suas aulas. Grande parte dos utilizadores afirmou que nunca teve qualquer tipo de formação nesta área, não obstante existir pelo menos uma disciplina de tecnologia nos currículos de formação de professores de música” (Cunha, 2006, p. ii).
Desta forma, consideramos que a Web 2.0 tem, de facto, um imenso potencial educativo, quer no ensino regular, quer no ensino artístico vocacional. No entanto, é de importância fulcral, mais do que o investimento em equipamento, uma maior ênfase na formação de professores e na criação de oportunidades de concepção de recursos tecnológicos educativos ligados à música, utilizando os recursos disponíveis na internet.

Coutinho, C.P. & Alves, M. (2010). Educação e sociedade da aprendizagem: um  olhar sobre o potencial educativo da internet. Revista de Formación e Innovación Educativa  Universitaria,  Vol. 3 (4),  206-225

Cunha, Pedro (2006). Tecnologias da Música em expressão e educação musical no 1º ciclo do ensino básico. Braga: Dissertação de Mestrado em Estudos da Criança - Área de Especialização em Educação Musical, Universidade do Minho

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sintese do artigo: “Tecnologia Educativa em Portugal: conceito, origens, evolução, áreas de intervenção e investigação” de Elias Blanco e Bento Silva






O artigo “Tecnologia Educativa em Portugal: conceito, origens, evolução, áreas de intervenção e investigação” apresenta-nos um panorama da intervenção da Tecnologia Educativa em Portugal. Começando por analisar o conceito de Tecnologia, em geral, através de uma perspectiva histórica da sua utilização ao longo dos tempos, os seus autores verificam que a relação entre Homem e Natureza, mediada pela tecnologia, sempre existiu, tendo mais ênfase numas épocas do que noutras, vendo o seu grande impulso na sociedade contemporânea. Foi a partir deste impulso, no século XX, que as instituições educativas reestruturam os seus princípios de organização e a Tecnologia passa a aliar-se à educação, sob a forma de “Tecnologia Educativa”.
Vários autores, que reflectiram sobre esta matéria, identificam diferentes etapas de evolução deste conceito. Blanco (1983) reconhece três, que se distinguem pela ênfase colocada na sua acção. Primeiramente, a sua acção enfatizava a modernização dos processos de ensino, através dos meios audiovisuais. Posteriormente (2ª etapa), o seu foco passa-se a centralizar na aprendizagem pelo aluno e não no ensino pelo professor e, finalmente (3ª etapa),na década de 70, com o advento e desenvolvimento da cibernética, que trouxe a aplicação da concepção sistémica à educação e, nos anos 80, da hipermédia, esta tecnologia passou a focar-se na mudança educativa.
Em Portugal, também se podem destacar três momentos de evolução: arranque, onde a sua acção se focava, ainda, nos meios audiovisuais como auxiliares para o ensino, tendo sido criada, em 1964, a Telescola, afirmação, através da integração da Tecnologia Educativa na Formação de Professores, criação do Projecto Minerva e a aplicação dos trabalhos de Reforma Educativa, entre 1987 e 1988, onde se destacam três programas que valorizam esta Tecnologia (A5, A6 e A7) e desenvolvimento, resultante destas Reformas, que fez com que a tecnologia educativa, actualmente, seja uma das componentes das Ciências da Educação presente em todas as modalidades de formação de professores dos diferentes graus de ensino não superior.
A Tecnologia Educativa intervém, no nosso país, em três áreas: o apoio à educação/ensino à distância, a formação de professores e educação de adultos em formação profissional.
Segundo os autores, a investigação em Tecnologia Educativa, em Portugal, ainda se encontra nos seus primórdios, apesar de poder evoluir com a criação de Mestrados e Doutoramentos na área. Esta centra-se essencialmente na aplicação das teorias de aprendizagem à estruturação do conhecimento; no desenvolvimento de métodos, estratégias e técnicas de ensino-aprendizagem; na exploração dos recursos tecnológicos da informação e da comunicação e, por fim, na utilização de sistemas de planificação, de gestão e de avaliação na analise dos problemas e soluções educativas.
A Tecnologia Educativa pode trazer muitos benefícios para a educação, mas se for bem aplicada. Para isso, é necessário criar condições e, sobretudo, dar formação aos Professores nesta matéria. No caso da música, consideramos ainda haver um longo caminho pela frente.

Bibliografia:
Silva, E. & Bento, S. (1993). Tecnologia Educativa em Portugal: conceito, origens, evolução, áreas de intervenção e investigação. Revista Portuguesa de Educação, Vol. 6 (3), 37-55.


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terça-feira, 13 de março de 2012

Bem-Vindos


Bem-Vindos ao Blog Música, Tecnologia e Educação, que se destina à publicação de temas que aliam os recursos tecnológicos ao ensino, em particular ao ensino da música.